segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Auto-observação e Auto Lapidação




Durante os últimos dias, posso dizer que tem sido um pouco diferente para mim com as festas de fim de ano acontecendo, o que é muito mais interativo para algumas famílias.

Só que estar entre família está me trazendo um exercício de auto observação. Em como eu vejo a reação das pessoas, como eu vejo minhas reações. Percebo que não consigo lidar muito mais com certos tipos de interações humanas. As conversas superficiais,  os comentários, as críticas de sempre. Você tenta ficar neutro, dá um sorriso, tenta fazer o jogo, mas tem horas que você só quer ser você. Ficar quieta. Estar neutra. Só porque está calada não significa que não está gostando de onde está, ou do que está acontecendo. Mas vejo que as pessoas tem necessidade da interação, do riso forçado, do agradar e ser agradado, do elogio, de preencher o silêncio. Como o mundo é barulhento, por que tanto barulho? Porque as falas tão altas, as risadas tão gritantes? Toda bebedeira e disputa de egos?
Por que o incômodo com o que é diferente? Com o que é silencioso?
Por que o quieto incomoda? Por que o silêncio incomoda?
Por que seu jeito neutro incomoda?
Onde fica o respeito? Por que a crítica certeira é intencional pra te causar desconforto?
Por que você estar no lado oposto incomoda?
Por que sua cara mais séria deixa as pessoas te criticsndo quando você só está ali, ou não está bem? Por que ter que fingir que está?
Falamos tanto de que precisamos ser nos mesmos, mas como se as vezes dentro da sua própria casa não há respeito pelo seu comportamento mais recluso?
Tudo parece que tem comentários... Se você pega uma xícara de café as 11 da noite vem a crítica : nossa café a essa hora?
Se você está com dor e está mais calado vem a crítica... Está quieta demais,

Se você fala então que está com dor vem a critica, nossa mas tão nova e sempre cheia de dor...

E difícil, estar em sociedade está cada vez mais difícil. Sei que é necessário pois há uma vida com coisas a se cumprir, mas meu desabafo não é em tom de crítica ou frescura, não é em tom de esquisoterismo forçado do tipo, "aí estou sensível não consigo viver com pessoas", meu desabafo é real, está cada vez mais complicado essa interação, principalmente com pessoas "normais".

Não estou dizendo que sou especial, ou algo assim, mas está cada vez mais difícil lidar com essa "matrix", todas as conversas superficiais e vaidades, e muito mais. Procuro aprender com tudo, e acredito que há uma lição para mim. Esta observação do meu entorno e de mim mesmo.
Mas a conclusão que estou obtendo é que, em uma vibração diferente, uma mais silenciosa e lenta é aquela em que vivo, o que é bastante complicado quando é atingida por toda essa agitação.

Eu vejo que é uma das mais faces desse Caminho, que traz muita mudança, muita autoconsciência. Muitos conflitos, internos. No início, pensei que já havia passado por esse estágio há muito tempo, esse despertar, de saber que costumava pensar e sentir o mundo de maneira diferente do que muitas pessoas ao meu redor.
Eu pensei que estava bem com isso, mas o que estou percebendo é uma transformação sem fim, e agora, não é apenas como vejo o mundo, mas também, como as pessoas me vêem, e quanto mais distantes ficamos do eles esperam de nós, maior é a crítica.

Eu vejo que tendemos a ser os diferentes, e temos que aprender a lidar com isso. Com esses comentários vindos de pessoas próximas, não somos nós que estamos nos afastando deles, é a situação que faz isso acontecer. Quando você pensa de uma maneira diferente, é como "você não é mais parte do grupo", então você é visto como a estranha, a ovelha negra.

Eu sinto agora que estou queimando em um fogo alquímico sem fim, transmutando, sendo lapidada, polida ..... e o fogo queima, os golpes doem, mas acredito que tudo está como é...

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